Ultra Vivid Scene
"Joy 1967-1990"
4AD Records
(1990)
Kurt Ralske... Os mais atentos aos espaços da vídeo arte e do design talvez tenham já ouvido falar nele... Mas em finais dos oitentas e inícios dos noventas foi um “herói” indie de curta duração. Norte-americano, mudara-se para o Reino Unido sob entusiasmo shoegazer em meados dos oitentas para militar nos Crash, seguindo caminhos que teriam por guias espitituais bandas como os Jesus & Mary Chain e My Bloody Valentine. De regresso aos Estados Unidos procura outros caminhos procurando heranças mais próximas da memória de uns Velvet Underground, talhando aos poucos um percurso em busca de um relacionamento com a canção segundo uma agenda melodista onde as guitarras acústicas e eléctricas comandavam as operações, o espaço cénico ao seu redor acolhendo depois outros elementos. Sob o nome Ultra Vivid Scene apresenta-se com um primeiro álbum em 1988, editado através da então muito venerada 4AD Records. E dois anos depois edita aquele que é o disco pelo qual hoje recordamos não apenas os Ultra Vivid Scene como a própria passagem de Ralske pelos espaços da música. Com o título Joy 1967-1990, o álbum é uma belíssima coleção de canções de alma indie pop, mais vezes tranquilas que intensas, arrumadas nos elementos que convoca e elegante nas formas que a produção (departamento atmosférico e periferias) molda em torno de canções mais sombrias nas palavras que nos sons. Entre o alinhamento moram pequenas pérolas indie pop como The Kindest Cut, Praise The Low ou Special One, esta última contando com a colaboração de Kim Deal, então nos Pixies. O álbum teve impacte moderado no seu tempo (a filiação na “família” 4AD ajudou a chamar atenções) mas não conheceu particular descendência, nem mesmo em Rev, o terceiro (e último) disco dos Ultra Vivid Scene, de mais discreta carreira, editado em 1992 pouco antes de Ralske dar esta aventura por encerrada.
E depois do disco
Kurt Ralske ainda editou um terceiro álbum antes de dissolver definitivamente os Ultra Vivid Scene em 1992. Trabalhou depois como produtor, editando ainda ao longo dos anos 90 discos quer em nome próprio quer através de projetos como os Cathars. Dedicou-se mais tarde às artes visuais e à vídeo art, tendo já exposto obras no MoMA. É professor na Rhode Island School of Design.