Fanfarlo
"Rooms Filled With Light"
Atlantic Records / Warner
3 / 5
Passaram três anos desde que se estrearam com Reservoir, pelo caminho fazendo-se à estrada e lançando uma mão cheia de singles. O regresso dos Fanfarlo faz-se agora em Rooms Filled With Light, que é daqueles títulos capazes de nos dar primeiros sinais do que podemos encontrar no interior de um disco. E, neste caso, luz... Formados há uma meia dúzia de anos sob a visão do sueco Simon Bathasar, os Fanfarlo são contudo uma banda londrina (o raro apelo pop made in sweeden não sendo contudo coisa estranha aos códigos que se cruzam pelas suas canções). A banda é um pouco a antítese daquela opção pelo minimalismo e busca do silêncio que marcou algumas das melhores surpresas do ano passado (de James Blake a um Nicolas Jaar). De resto, apear do pontual recurso a electrónicas, a língua que falam os Fanfarlo é coisa mais “tradicional”, usando toda uma outra paleta de instrumentos (mesmo os que muitas vezes moram fora da “carteira” pop/rock). Apesar de não mostrarem aqui grande vontade em partir para outros caminhos, mantendo assim um rumo que pode encontrar no álbum de 2009 um antecedente direto, os Fanfarlo conseguem mesmo assim entre as canções do novo disco encontrar um patamar onde o apelo barroco dos arranjos surge menos intenso, a tal luz que o título sugere atravessando contudo o alinhamento, até mesmo quando a intensidade dos ritmos cede espaço a paisagens mais contemplativas. Há contudo algo de desconcertante na música dos Fanfarlo. Apesar de frequentemente evocar isto e aquilo (quase sempre sob atmosfera de alguma familiaridade com algo que já ouvimos, dos Dexys Midnight Runners a Beirut, as cordas na faixa de abertura lembrando Owen Pallett), nunca a soma das ideias convocadas parece ser capaz de definir uma personalidade própria. E, no fim e apesar dos belos momentos que encontramos em temas como Replicate, Deconstruction ou Dig, e do sempre bem vindo aparente otimismo que semeiam a todo o vento, Rooms Filled With Light nunca é mais senão uma interessante coleção de canções cujas partes nunca se juntam para gerar um todo memorável.