Camille
“Ilo Veyou”
Virgin / EMI Music
3 / 5
“Ilo Veyou”
Virgin / EMI Music
3 / 5
Camille Dalmais pode não ser um nome que o ouvido português trate por “tu”, mas na verdade não só tem já uma considerável discografia a solo como é voz presente em dois álbuns dos Nouvelle Vauge, um deles o primeiro (em 2004), no qual dava voz a versões de In A Matter of Speaking, dos Tuxedomoon ou Making Plans For Nigel, dos XTC... A solo tinha já lançado discos de 2008 e, apesar da pontual colaboração num álbum mais recente dos Nouvelle Vague, é em nome próprio que tem conduzido o seu caminho. Ilo Veyou é o quarto álbum que edita a solo. E, apesar do relativo minimalismo que toma como regra nos arranjos de cada tema, é disco que, de querer ir a tantos lados, na verdade acaba por se perder um pouco entre tanta geografia de acontecimentos. O disco é bilingue, todavia bem mais inventivo e consequente quando Camille canta em francês que quando, usando o inglês, resvala para patamares algo inconsequentes. As ideias que moldam as canções vão do simples diálogo para voz e guitarra acústica (como se escuta em Le Banquet) a pequenos festins de ideias rítmicas e linhas melódicas, contudo com a exuberância de coisa barroca despida à essência dos traços (como se os dourados, os mármores e tapetes fossem despidos de uma sala em Versallhes)... Em Ilo Veyou cruza-se um gosto pela exploração das potencialidades do trabalho da voz com ecos de algumas escolas da canção francesa e uma busca pessoal que agarra todos estes argumentos e os coloca segundo uma outra ordem. Dos aromas magrebinos de Allez Allez Allez à memória mais próxima da teatralidade da chanson em La France, as canções em francês de Ilo Veyou são coisa saborosa. Pena a forma como a face “inglesa” do disco acaba depois por desfocar a sua identidade.