quarta-feira, março 21, 2012

Material Girl (Gone Wild)

É privilégio da longevidade reocupar o espaço sem iludir a gravidade do tempo. Madonna, por exemplo. Com mais um single do álbum MDNA, a Material Girl vem reafirmar a pluralidade do auto-retrato, num processo em que a citação se confunde com a permanente, perversa e, afinal, sincera reinvenção: Girl Gone Wild tem o apelo da dança de Vogue (1990), a vertigem de Justify My Love (1990) e as ambivalências de Erotica (1992), tudo devidamente encenado através de um jogo masculino/feminino cuja cenografia e programa simbólico ficaram devidamente sistematizados em Human Nature (1995). E tem também a celebração paradoxal, grave e irónica, de tudo isso — a realização é dos imensamente talentosos Mert Alas & Marcus Piggott, mas o certo é que continua a não haver dúvidas sobre quem detém o poder da narrativa. Express yourself.

I know, I know, I know
I shouldn't act this way
I know, I know, I know
Good girls don't misbehave
(Misbehave)
But i'm a bad girl, anyway
Forgive me