sexta-feira, março 09, 2012

Filmes pe(r)didos:
(500) Days Of Summer de Mark Webb
por Nuno Sousa


Memórias de filmes afastados daquelas listas habituais que fazem a conversa de todos os dias. Filmes "perdidos". Ou se preferirem, "filmes pedidos"... Hoje lembramos (500) Days Of Summer filme de 2009 de Mark Webb, que aqui é evocado por Nuno Sousa, programador da UCI Cinemas. Um muito obrigado ao Nuno pela colaboração.

Como sobreviver a 500 dias de verão? Ou melhor, a 500 dias de Summer? Ou, como podemos nós termos sobrevivido sem termos tido oportunidade de descobrir este pequeno (grande) filme numa sala de cinema? Vítima de critérios inclassificáveis da distribuidora, o filme de Marc Webb (agora ocupado na realização do novo Homem Aranha), não chegou às salas, mas não sem antes ter alimentado muitas discussões que promovi para forçar a sua estreia. Seria seguramente um daqueles sucessos de estima que gostamos de acarinhar. (500) dias em exibição?!?

É um daqueles filmes que nos fica e assombra, porque trata de nós. E somos nós que nos revemos naquelas personagens, magnificamente interpretadas por Joseph Gordon-Levitt (Tom, o apaixonado, o believer) , Chloe Grace Moretz (a irmã adolescente, mas surpreendentemente a sua voz da razão) e Zooey Deschanel, a tal Summer do título, desencantada, para quem o verdadeiro amor não existe. Vai ao engano quem pensa que aqui há só verão: há antes (todo) um tratado sobre as angústias, constantes insatisfações, permanentes buscas, de (toda) uma geração. O cinema passa por aqui, enquanto retrato geracional, capaz de nos fazer acreditar que estamos ali e nos podíamos cruzar com esta personagens ao virar da esquina. Ou no mesmo banco de jardim do filme que, sem eu o procurar, me apareceu à frente numa viagem a LA. E ali pensei que o cinema é isto mesmo, dando o que a vida tira, e emocionando para além do último crédito final.

Não é um filme perdido para mim. E atrevo-me a sugerir que seja pedido por todos como eu, para quem o cinema é paixão de vida! Mesmo que no finalzinho seja o outono a melhor escolha. Ou melhor Autumn... sem dias contados!