segunda-feira, fevereiro 27, 2012
Os Pet Shop Boys,
segundo Jorge Manuel Lopes
Em tempo que assinala a edição de nova antologia de lados B dedicamos especial atenção este mês aos Pet Shop Boys. E convidámos alguns amigos a contar-nos qual foi o disco da dupla Tennant/Lowe que mais os marcou. Hoje é Jorge Manuel Lopes, jornalista da Time Out, quem nos fala do álbum Introspective. Um muito obrigado ao Jorge pela colaboração.
Ao transpor a capa Benetton de Introspective, de 1988, dá-se de caras com Left to My Own Devices, e dentro desta mini-sinfonia reencontra-se, na produção, Trevor Horn. É um reencontro literalmente do outro lado dos 1980s, apesar de terem passado apenas três anos desde o fim do ciclo de obras-primas Nova Pop de Horn (ABC, Frankie Goes to Hollywood, Grace Jones, The Art of Noise, Propaganda). Introspective pertence já a outro mundo – os golpes ao piano e o ritmo de Left to My Own Devices são frutos da árvore house, I Want a Dog tem mistura de Frankie Knuckles, It’s Alright é uma importação directa de Chicago –, um mundo onde Trevor Horn passou de anfitrião conceptual a convidado de uma narrativa alheia. É também um mundo onde a relação nublada dos Pet Shop Boys com a pista de dança emprega uma moldura latina, a de Domino Dancing, que nunca foi por eles explorada com a frequência merecida. Com canções nunca abaixo dos seis minutos, Introspective deixa a tecnologia respirar e ter as suas conversas mesmo até ao fim. Como deve ser.