Shearwater
“Animal Joy”
Sub Pop
2 / 5
Durante algum tempo, e sobretudo pela visibilidade que Jonathan Meiburg ganhou nos Okkervil River, os Shearwater (na verdade com discografia que remonta a 2001) ganharam aquela atenção, mais curiosa que devota, de quem ali ia procurar o que o músico ia fazendo nos dias de folga... E certamente quem os escutou com atenção terá reconhecido que houve ocasiões em que Meiburg nos deu momentos mais gourmet por estes lados, recorde-se para isso o belíssimo álbum de 2008 Rook. Seguiu-se em 2010 o menos inspirado The Golden Archipelago e, ao mesmo tempo, a notícia de que Meiburg deixava os Okkervil River para se concentrar naquela que era a sua demanda pessoal através dos Shearwater... Não deixa contudo de ser curioso que, ao segundo álbum editado após o afastamento dessa outra força reconhecida no mapa indie, os Shearwater se afastem mais que nunca dos espaços essencialmente contemplativos, de alma frágil, que faziam de Palo Alto e, sobretudo, Rook, momentos de personalidade rara e vincada, procurando caminhos de maior intensidade que, de certa forma, os aproximam mais que nunca dos patamares por onde circulam os Okkervil River. É certo que em Animal Joy não abandonam a sua costela “verde” (o disco volta a ter o mundo natural sob o foco das suas atenções) e a voz e o piano continuam a conhecer um peso considerável na divisão dos protagonismos. Mas a presença das guitarras e de uma arquitetura rítmica mais evidentes que nunca sublinha as vontades de mudança. Pena depois que não só as canções não sejam de melhor colheita e que pareça, à medida que avançamos no alinhamento, que a banda perde personalidade a olhos vistos e em nada repete o requinte que dela fazia algo bem diferente ainda há poucos anos... Restam episódios como os que escutamos em Open Your Houses (Basilisk) ou Believing Makes It Easy, onde a voz de Meiburg encontra moldura mais adequada. Mesmo assim muito longe do que nos mostrava nos dias de Rook...