Pet Shop Boys
"Format"
Parlophone / EMI Music
3 / 5
Prática comum nos dias em que o formato do sete polegadas, em vinil, a 45 rotações, era o rosto da ideia de single, a criação de canções para morar no lado daquelas outras destinadas a fazer a banda sonora de todos os dias foi hábito que, com o tempo, foi desaparecendo. A entrada em cena dos máxi singles, como complemento regular de um qualquer lançamento de um single (o que acontece com grande expressão a partir da primeira metade dos oitentas) começou a fazer das remisturas um novo pólo de atenção, algo que o CD single aprofundaria (ao conceder maios espaço disponível para maios leituras da canção que se lançava). E na idade dos lançamentos digitais muitos “singles” acabaram reduzidos à canção que lhes dava título e ponto final. Naturalmente houve exceções, nos Pet Shop Boys podendo nós apontar um caso maior de resistência à desistência de criar lados B. Tanto que em 1995 lançaram mesmo Alternative, uma antologia (em CD duplo) recuperando os temas apresentados nos lados B (de singles e máxis) de 1985 até então. Essa é precisamente a história que se continua a relatar agora em Format álbum que, repetindo o formato dessa antologia de meados dos noventas, continua o relato, arrumando assim o que foi acontecendo de 1996 a 2009. Durante este período os Pet Shop Boys lançaram cinco álbuns de originais, várias gravações ao vivo e algumas experiências além-pop, do cinema aos universos da dança. A “colheita” que Format propõe passa por momentos menos inspirados (como o foram as etapas ligadas aos álbuns Bilingual, de 1996 ou Release, de 2002), discos de manutenção (e sem falta de ideias ou de grandes canções, como podemos recordar de Nightlife, de 1999 ou Fundamental, de 2006) e um episódio de impressionante regresso à melhor forma (no mais recente Yes, de 2009). Apesar de um certo grau de liberdade que sempre caracterizou a criação e escolha dos temas a levar aos lados B, a seleção acaba por refletir os tempos que atravessa. Em comparação com o que escutamos em Alternative (que atravessa períodos de grande inspiração que correspondem a álbuns como Please, Actually, Introspective, Behaviour e Very), Format não repete a nutritiva ementa gourmet então reunida. O que não nos impede de aqui reconhecer alguns momentos “fundamentais” como serão o caso de um Blue on Blue (de 2009, onde revisitam trilhos hi-nrg que recordam os seus primeiros passos em meados de 80), o magnífico dueto com Elton John em In Private, o apelo quase cinematográfico do desencantado Bright Young Things, a assinatura em We’re The Pet Shop Boys e pequenas pérolas de escrita pop como Always, Hit and Miss ou The Truck Driver and His Mate.