Django Django
“Django Django”
Because Music
4 / 5
Há episódios que ajudam a construir a banda sonora de cada novo ano que passa. E 2012 parece que poderá ter nos Django Django um nome a ter em conta (a sorte para tanto depois os ajude). Com primeiros sinais dados desde 2009, este quarteto com berço em Edimburgo fez as malas e rumou a Londres para tentar a sua sorte. Na bagagem traziam as guitarras, o baixo, a bateria e teclados, na verdade, as ferramentas mais clássicas ao serviço dos últimos trinta e tal anos da música pop. Animados com alma indie, e com um evidente gosto pelas heranças do psicadelismo, mostram contudo nas canções do seu contagiante álbum de estreia um interesse igualmente nutritivo pela música de dança (não necessariamente coisa hardfloor) e um gosto pelas cores que chegam de latitudes mais quentes que as que habitualmente fazem a meteorologia britânica. Com nome que cita o mítico Django Reindhardt, guitarrista que ajudou a escrever a história do jazz (porém sem aparente carga jazzística na ementa que nos apresentam), os Django Django desenham canções que respiram o viço e entusiasmo que em 2004 encontrávamos nuns (também escoceses) Franz Ferdinand, embora no lugar da genética pós-punk (que os fez um dos casos maiores da música da década dos zeros) encontremos antes uma amálgama de referências que tanto colhe ideias junto da pop com alma dançante de uns Hot Chip como dos ecos das canções para muitas cores que se escutavam em finais dos sessentas, aqui e ali adicionando algum exotismo tribal que confere ainda mais calor à coisa. Há um nome que invariavelmente tem morado entre os textos que apresentam este álbum: a Beta Band. Não só pela paleta suculenta de muitos (e semelhantes) sabores que convocam às suas canções, como pelo facto de Dave McLean, o vocalista dos Django Django não ser senão irmão de John McLean, ex-Beta Band... Apesar das afinidades que por aqui se evidenciam, a música que os Django Django mostram neste seu álbum de estreia revela um sentido de arrumação mais evidente, a sua mais frequente quantidade de flirts com a música de dança (e toda uma montra de soluções rítmicas) vincando algumas das diferenças. Os Django Django chamam ao seu álbum não apenas uma mão cheia de belíssimas canções como um mundo de temperos que, mesmo variados, respondem sob uma ideia maior que os congrega e faz parte de um todo. Hail Bop, Zumm Zumm, Firewater, Life’s a Beach, são apenas instantes num alinhamento onde não faltam bons momentos. Tenham agora a sorte de ser a banda certa no palco certo perante a plateia certa e o passa-palavra poderá deles fazer mesmo um dos casos do ano. Têm disco para isso. Tenham agora sorte do mesmo calibre...