Charlotte Gainsbourg
"Stage Whisper"
Because Music / Warner
3 / 5
Dois anos depois de IRM, e com uma nova colaboração com Lars Von Trier pelo caminho (desta vez em Melancholia), Charlotte Gainsbourg apresenta um disco que, mais que um sucessor dessa bem sucedida aventura em colaboração com Beck, não é senão uma espécie de extra, guardando para mais tarde um eventual novo passo. Stage Whisper é, na verdade, um dois em um, juntando a oito temas inéditos uma mão cheia de momentos captados ao vivo na digressão que se seguiu a IRM, entre o álbum de 2009 e temas do anterior 5:55 recolhendo a maior parte dos temas recriados em palco. O melhor do álbum mora logo no início do alinhamento, entre os quatro temas produzidos por Beck nos quais ora se assinala uma continuidade face aos caminhos sugeridos por IRM (como em All The Rain, sob insistente visibilidade da arquitetura rítmica) ora se ensaiam outras ideias, como é o caso da visão pop (de perfil electro à la Goldfrapp) de Terrible Angels. De uma pontual colaboração com Charlie Fink, dos Noah & The Whale, surge outro instante de formas bem desenhadas em Got To Let Go. Porém, e como nos demais quatro temas sem Beck, as ideias na segunda metade da face “inédita” do álbum não brilham por aí além... Ao vivo, Charlotte Gainsbourg deixa mais evidentes a fragilidade de uma voz que, segura em estúdio, em palco não projeta nem a mesma intensidade nem dramatismo. Aqui a montra é, contudo, feita de canções mais inspiradas (e basta consultar as fichas para relembrar que entre os autores estão nomes como, além de Beck, Jarvis Cocker, os Air ou mesmo Bob Dylan, de quem apresenta uma versão de Just Like A Woman). Breve retrato de dias de estrada e curtos episódios de estúdio, Stage Whisper é apenas um meio passo enquanto outro não se desenha. Não acrescenta muito ao que já conhecemos... Mas também não estraga nenhuma pintura.