Botany 5
"Into The Night"
Virgin Records
(1991)
Chegaram a ser descritos como morando algures entre a música de uns Beloved e uns Blue Nile. E se tivermos como referência para cada um destes nomes os seus álbuns-chave, respetivamente Happiness (1990) e Hats (1989), convenhamos que não estaremos muito longe destes terrenos. Trio britânico formado por Steven Christie, Gordon Kerr e Jason Robertson, os Botany 5 foram um entre inúmeros outros nomes que surgiram na alvorada dos anos 90 animados por uma vontade de encontrar novos caminhos para a canção pop partindo de todo um novo mapa de técnicas e formas que surgira como consequência direta da revolução que colocara a música de dança, as suas ferramentas, princípios e métodos num outro patamar de atenção, os espaços da calma depois da tempestade (chamou-se desde logo “chill out” à coisa) morando também entre toda essa agenda. E foi precisamente por estes últimos espaços que os Botany 5 talharam um caminho que registaram em Into The Night, o seu único álbum. Lançado em 1991, o disco usa as electrónicas e as programações rítmicas como força motriz, a melancolia como princípio e um gosto em desenhar elegantes artes finais chamando a presença de outros instrumentos (do piano ao saxofone), aceitando aqui liberdades que ocasionalmente espreitavam inspiração entre climas jazzy. Com cartão de visita apresentado ainda em 1990 no mais viçoso Love Bomb, o álbum revelou contudo um gosto mais claro pelo desenhar de caminhos que em tudo se aproximam de uma ideia de discreta elegância que tem em Hats, dos Blue Nile um evidente paradigma. De resto, a presença de Calum Malcolm (o mesmo que trabalhou em Hats) como produtor confere ao disco a suavidade de arestas que sublinha mais ainda as afinidades.