quarta-feira, fevereiro 15, 2012

A crónica de uns bons malandros


O dispositivo não é novo. Já o vimos em filmes como Cloverfield, de J.J. Abrams, em Blair Witch Project de Daniel Myrick e Eduardo Sánchez no norueguês Troll Hunter de André Ovredal. Ou seja, este é um filme que explica as imagens que apresenta porque alguém, na própria narrativa, as captou... A figura central aqui é a de um estudante (interpretado por Dane DeHann) que resolve captar numa câmara de vídeo tudo o que vê. Ele é vítima de bullying na escola e da brutalidade de um pai que bate primeiro e fala depois. Ok, também aqui não há novidade maior, as histórias de heróis que são magoados e dão a volta sendo quase um tempero de rotina em muitas histórias do género.

Mas apesar de alguma banalidade no lançar das ideias, há alguns de dados interessantes a reter entre o que nos mostra Crónica (Chronicle no original), filme de Josh Tank com argumento de Mike Landis (filho de John Landis, o autor do histórico teledisco de Thriller, de Michael Jacskon). O filme centra-se na figura de Andrew (de que acima se falava), de um primo e mais um colega mais "popular". Juntos descobrem, uma noite, um estranho buraco no chão que os leva a algo que nunca é explicado nem devidamente mostrado (boa ideia número um). Ao acordar no dia seguinte notam que estão dotados de um poder que desconheciam, que lhes permite fazer mover objetos com o pensamento, eventualmente até voar... Ao mesmo tempo que história depois evolui no sentido de mostrar que o aparentemente mais fraco se faz o mais forte, Crónica aposta mais que o habitual na caracterização das personagens revelando, ao contrário do que vemos em sucessivos (e frequentemente medíocres) filmes de super heróis, como uma alma dorida, uma vez poderosa, pode gerar afinal um potencial grande problema.

Talvez atordoado pelo crescendo da intensidade da ação nas sequências finais, o realizador esquece-se contudo do dispositivo visual que toma como central à construção do filme (noutros instantes resolve bem alguns momentos usando câmaras de segurança para acompanhar ações não registadas pela câmara do protagonista) e às tantas nem imaginamos quem terá filmado aquelas imagens daqueles ângulos. Enfim...