Mês Philip Glass - 18
Se numa primeira etapa da sua carreira Philip Glass compôs essencialmente para teclados eléctricos e electrónicos, a partir de certa altura o piano começou a entrar aos poucos no seu espaço. Em Glassworks apresentou um momento para piano solo. E em finais dos anos 80 dava por si a editar um primeiro disco reunindo uma série de peças originalmente compostas para piano (uma delas, Wichita Sutra Vortex na verdade tendo na origem uma leitura de poemas com Allen Ginsberg).
O disco, que além de Wichita Sutra Vortex inclui Mad Rush (originalmente composta para órgão) e o ciclo Metamorphosis, surgiu numa altura em que, com menos obras (e menos solicitações) para o seu ensemble, o compositor começava a correr o mundo em recitais para piano, nestas peças encontrando algumas das obras que habitualmente apresentava a sós, frente a um piano e com plateia a seu lado, assumindo assim uma herança que remonta aos dias de Liszt. Glass afirmava então que fazer recitais era uma tarefa bem mais simples. Porque, em suma, não precisava nem de mais músicos, nem de equipamento, nem mesmo de um agente na estrada a seu lado. “Levava tudo na minha cabeça”, recorda em palavras que encontramos no booklet de Solo Piano.
Muitas destas obras ainda hoje integram os recitais a solo de Philip Glass e conheceram entretanto gravações por outros pianistas em diversas editoras. Com o tempo Philip Glass aprofundou o seu trabalho solista a piano e compôs novos estudos, que entretanto gravou já pela sua Orange Mountain Music.