'Concerto para Violino' (1987)
É uma das obras orquestrais mais gravadas de Philip Glass e teve um papel marcante na sua história pessoal. Composto entre 1986 e 1987, o Concerto Para Violino (o primeiro, que entretanto outro surgiu depois) representou a primeira experiência de trabalho para uma orquestra desde os dias de escola para o compositor. Recorde-se que, depois do período vivido em Paris em meados dos anos 60, onde estudou com Nadia Boulanger e conheceu (e trabalhou com) Ravi Shankar, a sua música seguiu outros caminhos, inicialmente apontada aos recursos humanos do seu ensemble (limitando assim as composições a combinações de esforços entre teclas, sopros, violinos e vozes), mais tarde encetando outras experiências ora em primeiras aventuras na ópera (sobretudo em Satyagraha ou Akhnaten, uma vez que Einstein on The Beach recorreria apenas aos meios habituais do seu grupo) ou no cinema (em Mishima reencontrando a escrita para quarteto de cordas).
O concerto nasceu de um desafio da American Composer’s Orchestra e foi estreado no Carnegie Hall, em Nova Iorque, em Abril de 1987, sob direção de Dennis Russel Davies. A música traduz um momento de descoberta. Ou, antes, de redescoberta. A matriz da linguagem talhada por Glass nos anos 60 e 70 conhecera já um alargamento a outros horizontes nos oitentas. A própria noção de minimalismo era cada vez mais uma carga genética tomada como base de uma linguagem, as novas demandas do compositor procurando agora outros caminhos, usando outros recursos. O Concerto para Violino é assim um ponto de viragem. Não encerra a sua relação comas electrónicas, mas enceta uma reaproximação às potencialidades da orquestra, que desde então Glass tem adaptado às visões que o seu som procura. O concerto marca também o ponto de partida para uma relação com a música orquestral que, sem afastar nunca de cena um interesse pela música dramática, lhe permitiria poucos anos depois experimentar, pela primeira vez, a sinfonia.
O Concerto para Violino de Glass surgiu já em diversas gravações. Na imagem acima apresentada surge a edição de 2000 pela Naxos de uma gravação pela Ulster Orchestra, dirigida por Takuo Yuasa e com Adele Anthony (solista). Em1993 surgiu uma gravação na Deutsche Grammophon, pela Vienna Philharmonic, com o violinista Gidon Kremer e direcção de Christoph von Dohnányi. De 1999 data um registo, pela Telarec, com a Houston Symphony e Christoph Echenbach e Robert McDuffie como solista, num disco que junta ainda o Concerto para Violino de John Adams.