quarta-feira, janeiro 25, 2012

Novas edições:
The Big Pink, Future This


The Big Pink 
“Future This” 
4 AD Records
2 / 5

Quando o filão esgota, as minas fecham. Não faz sentido manter rotinas de escavação e tratamento de rochas que, sabem os geólogos à partida, não vão revelar mais minério (pelo menos em quantidade economicamente rentável, que é como se entende se uma mina deve ou não ser explorada). Pois também o filão da revisitação do viço da canção pós-punk e o de um certo rock animado a vitaminas electro, é coisa exausta e há muito sem minério à vista. Mas há quem insista. E, como escutamos no segundo álbum dos The Big Pink, o que resulta no fim, e depois de todo o trabalho que a criação de um disco naturalmente envolve, é uma mão cheia de praticamente nada. Quando se apresentaram, há uns quase quatro anos, chamando na verdade atenções com o single Velvet (já em 2009) já este era um filão cansado, a vertigem e angulosidade projetadas na canção justificando todavia o foco de atenções que o grupo captou. O álbum de estreia, A Brief History Of Love, editado pouco depois, mostrava logo que Velvet era episódio algo solitário num espaço com poucas outras ideias do mesmo calibre... E, três anos depois, Future This em tudo confirma esta visão. Guitarras e electrónicas em diálogo semelhante, atmosferas densas, canções de alma tensa, fulgor rítmico assegurado (uma produção cuidada garante a solidez da junção dos ingredientes)... Mas faltam ideias para as canções que, na verdade, pouco mais parecem que sucessivas repetições de mais do mesmo, ocasionalmente abrindo a janela a ecos dos oitentas (como em Lose Your Mind, onde um dispensável solo de guitarra estraga a pintura). Estão cá os elementos épicos, os temperos. Os mais nostálgicos dos outros tempos talvez aqui encontrem o que gostam na música do nosso tempo. Mas uma ideia de presente (muito menos de futuro) é coisa que não mora por aqui.