domingo, janeiro 29, 2012

As vozes de Brahms


Obras corais de Johannes Brahms (1833-1897) em gravações pela Orchestre des Chams Elysées e pelo Collegium Vocale Gent, dirigidas por Philippe Herreweghe e lançadas na sua própria editora: a Phi.

A ideia de criar etiquetas ligadas a um músico (ou a uma orquestra) tem caracterizado algumas das grandes opções que os espaços da música clássica têm visto nascer nos últimos anos. Se há ainda quem opte por se integrar em grandes editoras (o compositor Nico Muhly edita agora pela Decca Classics, Gustavo Dudamel é um dos rostos mais visíveis da Deutsche Grammphon), outros são os nomes que decidiram tomar os seus destinos nas suas mãos. Michael Nyman ou Philip Glass editam pelas suas próprias etiquetas. John Eliot Gardiner criou a Soli Deo Gloria. Orquestras como a London Philharmonic Orhestra ou Chicago Symphony Orchestra têm as suas próprias editoras. E em 2011 o maestro Philip Herreweghe juntou-se a estas fileiras, apresentando a Phi, etiqueta que integra o grupo Outhere (que representa também a Ricercar, a Alpha ou Aeon) e que tem como objetivo a gravação e edição dos trabalhos do maestro com a Orchestre des Champs Elysées e o Collegium Vocale Gent.

O catálogo estreou-se com uma gravação da Sinfonia Nº 4 de Mahler. Juntou depois motetes de Bach. E, como terceiro título, apresentou recentemente um conjunto de obras corais de Johannes Brahms. O alinhamento abre com um magnífico Schicksalslied Op. 54, obra de 1871 para coro e orquestra que em tudo materializa uma visão que o compositor procurou (e que foi de resto ponto de partida para um olhar diferente num ciclo de gravações da integral das sinfonias de Brahms por Gardiner). Junta depois Rhapsodie “Alt-Rhapsodie”, Op. 53; Warum ist das Licht gegeben, Op. 74/1; Begräbnisgesang für gemischten, Op. 13 e Gesang der Parzen, Op. 89. Herreweghe, profundo conhecedor da obra de Brahms assegura coerente abordagem a este conjunto de obras que registou em Varsóvia e que contou com a presença de Ann-Hallenberg (mezzo-soprano) na Rhapsodie.