terça-feira, dezembro 20, 2011
'Pinóquio' (1940)
por João Lopes
Este mês temos estado a pedir a uma série de amigos que nos falassem do “seu” filme da Disney. Mas hoje ficamos por aqui mesmo, para recordamos Pinóquio, longa-metragem de 1940, evocada por João Lopes.
A história das origens dos desenhos animados favorece, quase sempre, Branca de Neve e os Sete Anões (1937). Afinal de contas, foi aí que Walt Disney arriscou fazer pela primeira vez uma longa-metragem e estava longe de ser óbvio que o salto quantitativo (das "curtas" para as "longas") pudesse ser, de uma só vez, financeiramente seguro e mobilizador para o público. O certo é que três anos mais tarde, portanto em 1940, deparamos com Pinóquio e o menos que se pode dizer é que, num período tão curto, a animação tinha conquistado o seu estatuto artístico.
Desde logo, importa sublinhar o mais óbvio: a excelência das imagens, da riqueza cromática à crescente complexidade dos movimentos, possui a singularidade material, quase táctil, do gesto de quem desenha (singularidade que, em boa verdade, mesmo com todas as suas maravilhas, os filmes digitais ainda não têm). Depois, Pinóquio é um caso exemplar de labor narrativo: a adaptação do livro de Collodi possui uma agilidade dramática que, ainda hoje, persiste como uma lição exemplar. Aliás, para além da maior ou menor sofisticação técnica das imagens, os grandes filmes de animação dependem sempre de um elaborado trabalho de argumento — é essa, talvez, a mais essencial herança de Disney.