Este mês pedimos a uma série de amigos que nos falassem do “seu” filme da Disney. Hoje recordamos Peter Pan, longa-metragem de 1953 que aqui é evocada por Daniel Skramesto, designer e autor do blogue Actas do Pequeno Almoço. Um muito obrigado ao Daniel pela colaboração.
O meu filme Disney tem de ser o Peter Pan porque foi o filme que me tornou viciado em cinema e me ensinou a voar. Lembro-me de o ver numa sessão infantil de Domingo de manhã no cinema Santo António em Faro quando tinha seis ou sete anos (1979/80). Nunca revi o filme. Não preciso.
Mais do que da história, lembro-me que o écran era enorme e que, nas cenas de voo, era como se o mundo se abrisse por baixo de mim. Lembro-me de chegar a casa e ficar acordado à noite a pensar em coisas felizes para poder voar. (Não funcionou, mas é difícil ficar frustrado quando se está a ter pensamentos felizes.)
Mas ainda hoje, quando tenho sonhos em que voo, voo sempre como o Peter Pan. É como se o corpo perdesse o peso e depois fosse simplesmente impulsionado pela vontade.
A magia da Disney, para mim, sempre foi, paradoxalmente, a capacidade de nos fazer acreditar na magia. Peter Pan contém toda a essência da Disney: se acreditarmos em fadas, elas existem e, se quiser, posso continuar a ser para sempre um rapazinho de queixo caído, sentado numa sala onde cabem todos os mundos que se concebam.