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"Ahk-toong Bay-bi Covered"
Q4C
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Assinalando os 20 anos do lançamento de Achtung Baby, o álbum de 1991 que não só revolucionou a linguagem dos U2 como garantiu à banda as fundações de uma existência mais sólida (que o próprio Bono disse já ser a razão principal pela qual o grupo ainda hoje existe), um tributo desafia uma série de músicos e bandas a reinventar as 12 canções do álbum, arrumando as versões pela mesma sequência com a qual os originais surgiram originalmente no alinhamento do álbum. Não deixa de ser curioso o facto de ter sido num outro tributo, editado em 1990, que ganharam forma os primeiros sinais de mudança que o grupo começara a convocar às sessões de um álbum cujos primeiros passos eram então dados em Berlim, e sob um clima de algum conflito. Foi com Night and Day, versão de um clássico de Cole Porter, apresentado em Red Hot + Blue, que pela primeira vez entrou em cena uma forma de encontrar diálogos entre as electrónicas, as programações rítmicas e a alma “clássica” dos U2 que ganharia depois forma em Achtung Baby. Agora, 20 anos depois, o tributo Ahk-toong Bay-bi Covered (lançado fisicamente com a revista Q e com edição digital que recolhe fundos para a Concern Worldwide) abre com uma versão de Zoo Station assinada por uma das bandas que então inspiravam a transformação: os Nine Inch Nails, numa leitura menos visceral, interessante enquanto fechar de um ciclo e surpreendente na forma de repensar o original, reinventando-o por outros azimutes. A versão dos Nine Inch Nails representa mesmo o melhor momento de uma montra de versões assinadas por figuras ilustres, a visão acústica de Until The End Of The World por Patti Smith ou a abordagem sem corantes nem conservantes de Love Is Blindness por Jack White completando o trio de excelência de um alinhamento que caminha depois entre a mediania de um So Cruel por uns Depeche Mode em piloto automático ou um The Fly sem rasgo maior segundo Gavin Friday, momentos inconsequentes como um One por Damien Rice ou Who's Gonna Ride Your Wild Horses pelos Garbage, passando por abordagens falhadas de Mysterious Ways pelos Snow Patrol ou Acrobat pelos Glasvegas. Pelo caminho Jacques Lu Cont (ou seja, Stuart Price) remistura Even Better Than The Real Thing, versão que acaba creditada aos U2 e que repersenta outro dos momentos altos do tributo. Um possível futuro colaborador para a banda irlandesa? Não era nada má ideia...