She & Him
“A Very She & Him Christmas”
Merge Records
2 / 5
Coisa secundarizada na agenda da atenção da maior parte dos músicos nos anos 70 e 80 (o clássico Last Christrmas dos Wham! é rara excepção entre a regra), a ideia de fazer discos de Natal, que tinha marcado de ano a ano os meses de Dezembro nos cinquentas e sessentas, começou a ganhar nova vitalidade nos noventas. Primeiro entre figuras de perfil mainstream com carreira apontada a um público mais adulto, a dada altura, já depois da viragem do milénio, o ambiente da quadra encontrando entusiastas entre as artistas e bandas em terreno indie. Nomes como os Bright Eyes, Kirstin Hersh, Raveonettes ou Sufjan Stevens editaram então discos integralmente consagrados ao Natal, uns feitos de versões, outros de originais (que, à sua maneira, ajudaram a reinventar a noção de canção de Natal). 2011 não é excepção e entre os discos que assinalam a quadra conta-se um álbum assinado pela dupla She & Him. Com um alinhamento feito de versões, A Very She & Him Christmas é contudo uma profunda desilusão. As escolhas alternam entre aqueles clássicos da temporada que já somaram mais versões que os seus compositores alguma vez imaginaram (de Have Yourself A Merry Little Christmas a I’ll Be Home For Christmas) a ligações mais próximas às heranças natalícias da cultura pop/rock (de Rocking Around The Christmas Tree celebrizado por Brenda Lee a Blue Christmas que brilhou na voz de Elvis Presley), não esquecendo duas visitas ao disco de Natal dos Beach Boys. Se a mesma matéria prima já resultou noutras ocasiões o que falha é mesmo a abordagem que, salvo em pontuais excepções, sugere leituras que parecem coisa de ouvir num bar de hotel. O tom algo espartano da contenção instrumental poderia ser até um elemento diferenciador, mas a voz de Zooey Deschanel não aquece este Natal cantado, a sua passagem pelas canções sendo mesmo superficial e incaracterística... Encontram alguma luz quando entram no território retro em que moldaram as canções do Volume II do ano passado... Concentrando (e escolhendo) as melhores abordagens tinham material para um EP. Mas optaram por um álbum. É como aquelas árvores de Natal grandes, mas enfeitadas com a quantidade de bolas e fitas que serviriam um moldelo mais pequeno...