'Temos de reagir contra os "filmes-de-parques-temáticos", por mais bem feitos que sejam e por mais agradáveis que alguns deles possam ser. (...) Creio que há uma reacção contra esses 'filmes-pipoca'. Existem seis ou sete mitos em que se fundamenta toda a nossa literatura. Julgo que alguns cineastas vivem no pânico de que se rompa essa linha que nos liga a esses mitos antigos e vitais. E quando tal acontece, o filme fica à deriva — é apenas uma colecção de ruídos e efeitos.'
Martin Scorsese
(entrevista à BBC)
Na verdade, a reacção contra a normalização dos "efeitos especiais" — e também contra a deseducação dos espectadores mais jovens que confundem um filme com o seu aparato técnico e, não poucas vezes, com os milhões que nele se gastaram — está muito longe de ser um tema gerado pela crítica de cinema. Como estas palavras de Scorsese muito bem ilustram, os seus efeitos, e as preocupações que desencadeia, começam no interior da própria indústria.
As declarações de Scorsese foram proferidas em Londres, por ocasião da estreia de gala do seu novíssimo Hugo. Vale a pena recordar que se trata também de um filme que não renega, em nada, os poderes dessa mesma indústria, para mais marcando a estreia de Scorsese no formato 3D. Razões que bastam para aguardarmos a sua estreia com enorme expectativa — Hugo chega às salas portuguesas a 16 de Fevereiro, com o título A Invenção de Hugo.