terça-feira, novembro 22, 2011

Porquê assobiar a Bósnia?

Este texto refere-se ao jogo Portugal-Bósnia da fase de play-off para acesso ao Euroe2012 (Estádio da Luz, Lisboa, 15 de Novembro) — foi publicado no Diário de Notícias (20 de Novembro).

Quando vi a selecção da Bósnia, alinhada com a portuguesa, preparando-se para escutar o seu hino, pensei em Sarajevo. Na espantosa vitalidade de uma cidade que conheci em 1995, renascendo da guerra e organizando um... festival de cinema!
Era apenas um jogo de futebol, eu sei. E sei também que não faz sentido empolar os simbolismos, a ponto de transformar o futebol num eco obrigatório de todas as convulsões deste nosso mundo atribulado. Em todo o caso, não posso esconder que as memórias quentes de Sarajevo tornaram ainda mais penoso ouvir os assobios que se sobrepuseram ao hino da Bósnia (logo repudiados, numa atitude tão rara quanto exemplar, pelos comentadores televisivos).
Porquê? Bem sei que, no jogo disputado na Bósnia, um sector da assistência fizera exactamente o mesmo durante o hino português. Mas porquê responder à estupidez com mais estupidez?
Os espectadores que assobiam o adversário (para mais, neste caso, visando um símbolo da sua identidade nacional) colocam-se de imediato na posição de não merecerem o espectáculo a que vão assistir. Tendo em conta que a selecção portuguesa vai estar no Euro2012, talvez esta seja uma boa altura para iniciar uma pedagogia que recuse os nacionalismos vingativos. Estamos a precisar disso.

>>> UEFA: campanha 'Respeito'.