The Sound of Arrows
“Voyage”
Skies Above
4 / 5
“Voyage”
Skies Above
4 / 5
E que tal uma nota de luminosidade sorridente e doce como contraste aos dias assombrados que vivemos e ao clima muitas vezes tenso ou magoado que passa por tanta música que ouvimos? Não falta, é certo, quem promova um escapismo garrido e em tons maiores através de receitas ligeirinhas, baralha e volta a dar, em função dos sons da temporada e das tendências de produção do momento. Disso está o panorama pop actual mais que cheio. Por estes comprimentos de onda a diferença acontece na verdade em episódios pontuais, raros sendo os discos em que tudo faz sentido sem atravessar aquela linha que por vezes separa a boa ideia do disparate. E eis que chega o álbum de estreia dos suecos The Sound of Arrows. Depois de um primeiro EP algo ainda desfocado em 2008 têm vindo a revelar, single após single, uma carteira de promessas. M.A.G.I.C. ou Into The Clouds em 2009, silêncio em 2010 e novas chamadas de atenção em 2011 com Nova e o mais recente Wonders construíram aos poucos uma expectativa que o álbum Voyage agora compensa e confirma em pleno. Talvez o melhor disco pop de 2011, Vogyage junta a estes quatro singles uma mão cheia de canções que podem gerar mais belos momentos inesquecíveis, temas como Conquest ou Longest Ever Dream pedindo, a pés juntos, edição em formato a 45 rotações (sem esquecer o teledisco, outra ferramenta que cedo os Sound of Arrows souberam ajustar ao seu universo pop feito de sonhos tranquilos e pensamentos positivos). De resto, nem nos mais recentes álbuns dos Pet Shop Boys encontramos tantas canções capazes de justificar vida em single. A menção à dupla britânica não surgindo aqui por acaso, sendo evidentes as heranças que os dois elementos dos Sound of Arrows captam da longa e frutuosa obra dos criadores de West End Girls. De resto, é entre a linguagem pop luminosa e dançável de uns Pet Shop Boys e aquela rara capacidade de criar canções pop que tantas vezes encontramos na Suécia que brota uma música que se faz com uma boa dose de pop electrónica, canções bem estruturadas, refrões orelhudos, produção polida, formas simples, claras, mas eficazes. Sem a carga indie de tantas outras aventuras recentes no mundo da pop (de uns Metronomy ou Monarchy a Architecture In Heksinki) os Sounds Of Arrows apresentam um álbum que parece mais interessado em servir uma ideia pop para saborear tranquilamente em vez da busca de uma caução junto dos oráculos e ditadores de gosto do nosso tempo. E talvez por isso seja mais bem sucedido que esses outros projectos, todos eles com discos interessantes, mas nenhum deles a vencer aquele patamar onde tanta coisa acontece e pouca música se destaca. Tenham a sorte a seu favor (e um bom trabalho marketing também) e estes dois suecos podem ir longe.