segunda-feira, novembro 21, 2011
Nos 30 anos dos Heróis do Mar (1)
Faz esta semana 30 anos. A 25 de Novembro de 1981 os Heróis do Mar subiam ao palco do Rock Rendez Vou para apresentar as canções do seu primeiro álbum. Herdeiros directos dos Faíscas (uma das raras bandas da primeira geração do punk português) e do Corpo Diplomático, juntavam Rui Pregal da Cunha (vocalista, que mais tarde integrou os LX-90 e Kick Out The Jams), Paulo Pedro Gonçalves (guitarrista, que além desses outros dois grupos com o vocalista criou ainda o projecto pessoal Ovelha Negra), Pedro Ayres Magalhães (baixista, mais tarde fundador dos Madredeus), Carlos Maria Trindade (teclista depois com carreira a solo, a dada altura integrando os Madredeus) e António José de Almeida (baterista, sem carreira como músico após a separação do grupo).
Editado em Novembro de 1981, o álbum de estreia do grupo, ao qual chamaram apenas Heróis do Mar, revelou, muito simplesmente, a mais desafiante das propostas entre uma geração que, por esses dias, “inventava” uma nova ideia pop/rock made in Portugal. Assimilando ecos do pós-punk britânico (acolhendo aí as heranças do Corpo Diplomático), procurando um relacionamento entre a forma da canção pop e um fôlego rítmico que cruza ecos do disco com um tom militarista, escutando ainda paisagens de uma portugalidade então à espera de ser reinventada e integrando ainda referências à música africana, os Heróis do Mar desenharam no seu álbum de estreia uma das mais importantes e influentes experiências de uma geração que então procurava uma voz. A iconografia que tomaram como expressão visual de identidade, a opção por uma imagem de perfil militar e um olhar por valores e referenciais culturais que foram por alguns tomados por agenda política fizeram da banda um “caso” discutido nas páginas dos jornais. Trinta anos depois, a razão está do lado da música, a expressão de heranças visíveis em bandas como Os Golpes ou Capitães da Areia confirmando nos Heróis do Mar, mais que um caso político, como uma das raras referencias decisivamente marcantes da alma pop/rock portuguesa.