terça-feira, novembro 08, 2011

Lisbon & Estoril Film Festival 2011 (dia 5)


O realizador Joachim Trier, de quem a competição da edição deste ano do Lisbon & Estoril Film Festival passou Oslo, 31 August, confessa (em texto publicado no catálogo) que tem um interesse pelo estudo da personalidade das pessoas e que tem um fascínio pela vida da classe média. As premissas são ponto de partida interessante, abrindo espaço a olhares que não procuram nem o deslumbramento (ou o desdém) pelo mundo dos ricos nem novos encontros com um miserabilismo que em cinema parece por vezes confundir-se com uma ideia de busca de realismo (como se o realismo fosse apenas coisa possível em cenários onde tudo corre mal).

Realismo de classe média é então o patamar onde estamos. E, tal como este ponto de partida, com outro elemento potencialmente interessante, ao tomar como protagonista um homem na casa dos 30 anos que dá por si num momento de reflexão entre o que já foi e o que pode ainda ser. O protagonista que encontramos neste filme norueguês chama-se Anders. Está a terminar um programa de reabilitação de drogas num espaço rural não muito distantes de Oslo. Uma entrevista para um eventual novo emprego levam-no à cidade. E aí reencontra uma série de figuras que fazem parte da sua história de vida, com elas percorrendo episódios passados e preocupações. Sendo que, entre visitas a amigos, uma festa onde irrompe ou mesmo uma passagem pela casa do dealer que o servira, Anders acaba assombrado pela carga do que já viveu. E, olhando em frente, pouco vê...

Mesmo com pontuais boas ideias visuais (sobretudo nos olhares sobre as ruas da cidade que acompanhamos quando Anders ali regressa ou uma sequência de planos de espaços vazios que repetem aqueles que foram os cenários dos momentos que viveu naquele dia 31 de Agosto), Oslo 31. August fica mais pelo plano da promessa que da concretização, o tom excessivamente palavroso de várias cenas tornando por vezes cansativo o acompanhar de uma narrativa onde, na verdade, não vemos de nada substancialmente novo. Talvez apenas, e por estarmos em ambiente de classe média, uns apartamentos mais arrumadinhos e com livros e umas festas com um certo nível de sofisticação...

Podem ver aqui a programação para hoje.