quinta-feira, novembro 03, 2011

Discos pe(r)didos:
Ultramarine, Every Man and Woman is a Star


Ultramarine 
“Every Man and Woman is a Star” 
Brainik 
(1991) 

Era no mínimo vibrante o clima que se viveu, em inícios dos anos 90, em torno de novos horizontes que se abriam para as electrónicas na ressaca da euforia house, acid house e periferias. Um dos espaços mais interessantes da nova invenção electrónica acontecia em terrenos onde a intensidade dos ritmos cedia a frente do palco a uma placidez que assim permitia outra atenção para com, sobretudo, a construção de ambientes, texturas e cenários. Nome a ter em conta nesse panorama, o colectivo Ultramarine foi um caso sério por esses tempos. Nascidos da reunião de esforços de Paul Hammond e Ian Cooper, músicos que antes haviam já colaborado juntos nos A Primary Industry, os Ultramarine surgem em 1989 com Folk (que passa algo a leste das atenções), editado na então muito atenta e sempre interessante independente belga Les Disques du Crepuscule. É contudo no disco seguinte que o seu nome acaba inscrito na agenda dos acontecimentos marcantes do seu tempo. Editado em 1991, Every Man and Woman Is A Star é um disco que mostra um interesse pela exploração de novas formas e ferramentas (ainda é evidente, por exemplo, um encanto pelos bleeps que caracterizaram o acid house, porém em regime desacelerado), partilhando o seu programa de interesses com um domínio evidente pela escrita de canções (até mesmo em temas instrumentais que se aproximam assim dessa mesma lógica formal). Apresentando em Weird Gear (editado em single também em 1991) uma das mais irresistíveis das canções talhadas a electrónicas na alvorada dos noventas, Every Man and Woman is a Star é um disco que não merece ficar na sobra dos clássicos “ambientais” do seu tempo como o foram os álbuns de estreia dos Orb ou Aphex Twin e títulos lançados nessa mesma etapa por nomes como Pete Namlook ou Biosphere. Every Man and Woman is a Star teve continuidade directa em 1993 em United Kindgoms (onde há uma mais presença de novos elementos jazzísticos e uma colaboração com Robert Wyatt) e, mais tarde, segunda vida num disco de remisturas, com o título Companion, editado em 2003.