Gavin Friday
Adam'N'Eve
Island Records
(1992)
É nome que muitos associam aos U2, na verdade um velho amigo de Bono e companheiro de projectos pontuais, como aconteceu na banda sonora de In The Name of The Father, de Jim Sheridan ou, mais recentemente, no disco de versões do alinhamento de Achtung Baby lançado com a revista Q. Mas Gavin Friday é músico com nome e vida própria, elemento dos Virgin Prunes (um dos casos sérios do pós-punk irlandês) e tem discografia em nome próprio desde finais dos anos 80. Estreou-se em álbum em 1989 comn Each man Kills The Thing He Loves e, três anos depois, atingia em Adam'N'Eve um patamar que lhe garantiu a demarcação de uma identidade (que projectou depois, numa lógica de continuidade, no igualmente cativante Shag Tobacco, de 1995). Contando com nomes como os de Hal Wilner, Maria McKee e Flood entre a equipa que convocou para fazer este seu segundo álbum, Gavin Friday procurou aqui caminhos de alguma grandiosidade cénica em torno de canções que cruzam uma ideia de canção pop com ambientes de cabaret, com pontuais instantes de grandiosidade a sugerir uma noção de cenografia opulenta como se escuta em The Big No! No!. De Erik Satie a Burt Bacharah As electrónicas são presença, assim como algumas estruturas escutadas nas cercanias da música de dança, todavia sem nunca procurar uma expressão dançável para uma música que, como chegiou a ser notado na altura, convoca mesmo alguma da elegância característica da etapa final dos Roxy Music. Adam'N'Eve é um disco atento ao seu tempo, a instabilidade mundial gerada pela primeira guerra do golfo reflectindo-se em Falling Off The Edge Of The World. Já King Of Trash é celebração da memória de Marc Bolan e dos T-Rex, referências certamente formadoras para Gavin Friday (e toda a sua geração de músicos). Com trabalho menos regular entre a música e o cinema nos últimos anos, Gavin Friday regressou este ano aos discos tendo recentemente lançado o álbum Catholic.