Depois de uma aposta arriscada em The Dreaming, Kate Bush dá razão à confiança que a editora manteve na sua capacidade em tomar as decisões de gestão das opções de carreira ao fazer do seu sucessor o mais bem sucedido dos álbuns da sua carreira.
Editado em 1985, Hounds of Love é um momento decisivo na obra de Kate Bush. Não só porque a devolve a um patamar de sucesso e reconhecimento como não conhecia desde o início da década de 80, como abre caminho a novas demandas, revelando sobretudo uma nova ideia de canção pop de alma mais sofisticada que terá continuidade alguns momentos dos álbuns que apresentaria entre finais de 80 e anos 90. O disco acabaria por se afirmar mesmo como o comercialmente mais bem sucedido dos álbuns de Kate Bush, destronando inclusivamente do topo da tabela de vendas Like A Virgin, de Madonna. Para acautelar a derrapagem causada pela elevada conta de estúdio por alturas da gravação de The Dreaming, Kate Bush montou um espaço de trabalho seu perto de casa. E assim, com o seu ritmo, deu forma às ideias.
O passo seguinte seria a edição de uma antologia de êxitos, para a qual gravou o inédito Experiment IV. E só regressa aos discos em 1989, ao som de The Sensual World, disco que aprofunda o carácter intensamente pessoal da sua escrita. Com uma colecção de canções que abordam essencialmente as temáticas do amor Kate Bush alcança aqui o maior dos seus êxitos nos EUA (onde The Sensual World se afirma como o seu disco com maiores vendas de sempre, ultrapassando a fasquia do meio milhão de unidades). Um ano depois junta toda a sua obra numa caixa à qual dá o nome de uma das canções do álbum de 1989 (This Woman’s Work) e edita em single uma versão de Rocket Man, de Elton John. Quatro anos depois edita o seu sétimo álbum de originais, The Red Shoes, onde acolhe uma multidão colaboradores entre os quais contamos os nomes de Eric Clapton, Gary Brooker (dos Procol Harum) ou o maestro e compositor Michael Kamen.
O cinema continua a ser um terreno sob atenções de Kate Bush. E em 1994 estreia The Line, The Cross & The Curve, uma curta-metragem escrita e realizada por si mesma, contando com a presença de Miranda Richardson e coreografias de Lindsay Kemp. Para a banda sonora recorre a seus dos temas do mais recente The Red Shoes. No mesmo ano cedeu música para uma campanha publicitária de um refrigerante (que no Reino Unido usou, em seu lugar, música dos Cocteau Twins). Em meados dos anos 90 nova experiência chega quando, pela primeira vez, assume o desafio de assegurar a produção de uma canção de outro artista. Assim aconteceu ao som de Kimiad, do álbum Again de Alan Stivell, músico que em 1989 havia sido um dos colaboradores de The Sensual World.