sexta-feira, outubro 07, 2011
Novas edições:
Sonic Youth, Hits are for Squares
Sonic Youth
“Hits are For Squares”
Geffen / Universal
5 / 5
Não é a primeira vez que os Sonic Youth editam uma antologia. Depois de uma colecção de gravações ao vivo lançada em 1984, apresentaram em 1995 Screaming Fields Of Sonic Love, um olhar restrospectivo da sua obra até aos dias de Daydream Nation (de 1988) abrindo assim perspectivas (afinal estávamos na era pré-Internet) a uma nova geração de admiradores que os havia descoberto nos álbuns lançados na primeira metade dos noventas. Em 2006 levaram a disco, em The Destroyed Room: B-Sides and Rarities, uma selecção de temas que certamente haviam escapado às atenções de muitos (na verdade em nada havendo ali grandes pérolas “esquecidas” para mais que a naturalmente atenta base de admiradores da banda). O disco que agora chega às lojas na verdade não é exactamente uma novidade. Foi originalmente editado em 2008 para a rede de lojas Starbucks (o mesmo circuito que viu nascer o mais recente álbum de Joni Mitchell, por exemplo) e agora, que o grupo vive nova fase da sua carreira editorial longe da editora que representou o tronco central da sua obra entre 1990 e 2006, o disco apresenta-se um pouco como o que poderia ser um a antologia à la Best of. E o que é o “melhor” dos Sonic Youth? O “melhor” e não exactamente os “greatest hits” que, por marcante que seja a obra da banda norte-americana no panorama da música dos últimos 30 anos, “êxitos” não era coisa que morasse na sua agenda de factos (nem mesmo de intenções), o que não impediu mesmo assim que singles como Kool Thing (de 1990), 100% (1992) ou Bull In The Heather (1994) marcassem presença em lugar de destaque em algumas tabelas de vendas (“êxitos”, portanto). Banda com obra inspiradora, investigadores atentos e ousados da música eléctrica, num espaço que tanto abarca as formas da canção como outras que a transcendem, com discos que tanto vincam a sua relação com a música popular como expressam uma curiosidade sobre os espaços das experiências e “vanguardas”, os Sonic Youth vêm neste novo disco não um mas antes uma soma de olhares retrospectivos, vários músicos assinando as escolhas de um alinhamento que acaba por revelar a pluralidade dos caminhos que a sua obra tem percorrido. Em Hits Are For Squares nomes como Gus Van Sant, Beck ou os Flaming Lips escolhem temas como Bull In The Heather, Sugar Kane, Disappear ou Kool Thing... A eles junta-se o inédito Slow Revolution. Em conjunto um retrato vibrante de uma banda que tem o seu nome garantidamente inscrito na história da música popular do nosso tempo. E que, como o mostrou o ainda relativamente recente Rather Ripped (de 2006) ainda é presença a ter em conta no presente.