Leonard Cohen
“The Complete Studio Albums Collection”
Columbia / Sony Music
5 / 5
São onze álbuns de originais, e por eles passa uma das mais notáveis obras da história da canção popular. Musicalmente atravessando etapas diversas, caminhos ocasionalmente bem diferentes, todavia sob uma alma comum que tudo cruza de fio a pavio e que se materializa não apenas na voz que conduz as canções como nas palavras que nos canta (entre elas surgindo poemas que fazem deste um dos justificadamente mais aclamados letristas da história da canção). Podíamos agora entrar num loop feito de adjectivos grandiosos e nunca nos afastaríamos da realidade, tão marcante e influente que é a obra em disco de Leonard Cohen (que a estes onze álbuns junta ainda uma série de títulos gravados ao vivo). Quando se estreou, em 1967, com Songs Of Leonard Cohen, o seu autor era um nome já publicado (e respeitado) em livro. O disco revelava um autor de um corpo de canções tão emotivas nas formas (então de uma desarmante simplicidade de recursos) como nos sentidos das histórias, personagens e reflexões que lançava. Talhou um caminho que o afirmaria como um dos grandes entre os novos trovadores entre os discos que se lhe seguiram – Songs From a Room (1969), Songs of Love and Hate (1971) e New Skin For The Old Ceremony (1974). Foi motiovo de paixões e repulsas o álbum que veio logo depois, em 1977, resultado de um trabalho conto com Phil Spector. Por interessante que seja sempre o levar de um músico para lá da sua zona de segurança habitual, é de facto discutível a opção por uma caracterização mais densa que tomou os cenários que acolhem as canções de Death Of a Ladies’ Man... Cohen resolveu o dilema retomando trilhos anteriores na essência, embora abrindo espaço a uma mais complexa teia de elementos nos arranjos. Nasce então o seu mais forte trio de álbuns, que ganha forma entre Recent Songs (1979), Various Positions (1984) e I’m Your Man (1988), entre eles nascendo (como em finais de sessentas e inícios dos setentas) alguns dos seus maiores clássicos. Sem repetir a excelência deste trio, mas mantendo as características de uma escrita iluminada e uma interpretação pungente, a história segue-se depois ao som de The Futrure (1992), Dear Heather (2001) e Ten New Songs (2004). Em conjunto, esta caixa (que reproduz as capas em formato miniatura, juntando um booklet comum com um texto de contextualização e as fichas técnicas de cada disco) ilustra assim uma história com episódios distintos, mas que explicam a alma de um todo. Um olhar de fio a pavio de uma obra simplesmente fundamental.