terça-feira, outubro 04, 2011

Novas edições:
Feist, Metals


Feist 
“Metals” 
Polydor 
4 / 5 

Foram quatro os anos de espera para que surgisse um sucessor para The Reminder, o álbum que elevou Leslie Feist de um estatuto de promissora voz indie canadiana a um patamar de reconhecimento global. Uma campanha publicitária ao som de 1234 ou uma versão de Limit To Your Love, por James Blake, são apenas dois entre os episódios que preencheram quatro anos durante os quais a cantora não esqueceu a ligação aos Broken Social Scene (em cujo mais recente álbum colaborou), fez cinema e viu o seu álbum de 2007 ser ponto de partida para um documentário entretanto já com lançamento em DVD. Mas 2011 é ano de reencontro ao som de Metals. E, tal como ainda há pouco reconhecemos em Annie Clarke (ou seja, St Vincent), também por aqui há sinais de resistência a uma qualquer tentativa de “fazer render” as boas ideias que tão bons resultados haviam mostrado no disco anterior. Metals é um disco que vale por si, naturalmente estabelecendo pontes com um percurso mas, na essência, uma proposta que em nada deve a eventuais sugestões sobre o que poderiam ser os caminhos mais “compensadores” (tendo em conta os resultados do álbum anterior, entenda-se). Metals é um disco que, como os velhos (e os novos) LPs em vinil, tem duas faces. Numa primeira encontramos canções de pungente carga rítmica e arranjos encorpados, com um gosto mais claro por instrumentação “clássica” que pelo recurso a tecnologias da era digital. Na segunda, que de certa forma abre ao som de Bittersweet Melodies (e inclui logo depois o belíssimo reunir de ecos de memórias que escutamos em Anti-Pioneer) encontramos uma sucessão de temas mais lentos, nos quais a fragilidade das formas destapa mais uma voz que se mostra, afinal, a grande protagonista dos acontecimentos. Acompanhada por velhos colaboradores como Chilli Gonzalez ou Mocky, Feist faz de Metals um álbum que, podendo não vir a repetir o encantamento que The Reminder gerou, não deixa de confirmar a solidez de um talento que, tanto na composição como na interpretação, de si faz uma das grandes certezas da música popular do nosso tempo.