Há qualquer coisa de masoquista nesta auto-flagelação a que nos obrigamos por causa do futebol. Poderíamos recordar que, desde os tempos de Luís Filipe Scolari (incluindo esses tempos), a selecção nacional de futebol vive uma trajectória de queda que nada parece poder contrariar – nessa medida, a derrota com a Dinamarca foi apenas tristemente normal.
Em todo o caso, não é a especificidade do jogo que aqui se discute (haverá quem, com toda a legitimidade, considere que temos uma selecção que, só por acidente, não vai ganhando a tudo e a todos). O que está em causa é esta permanente injecção de miserabilismo nacional – ou de nacionalismo miserabilista – que nos empurra para o lado do sofrimento por nenhuma razão palpável da nossa vida difícil... apenas porque uma equipa nacional perdeu um jogo. E não só "sofremos" como "nascemos" para isso... Para onde foi a cultura do pudor?