quarta-feira, setembro 28, 2011
Um nome em tempo de afirmação
Acaba de chegar ao circuito de DVD nacional a edição local de Amores Imaginários, de Xavier Dolan. Lançamento da Alambique, sem conteúdos adicionais.
Eis um exemplo que deixa clara a importância que os festivais de cinema podem (e devem) ter na apresentação e acompanhamento de novos talentos em tempo de revelação e, depois, afirmação. Foi no Indie Lisboa que vimos, pela primeira vez, o cinema de Xavier Dolan. Foi com J'ai Tue Ma Mère, filme que focava a relação conflituosa (mesmo literalmente gritante) entre um filho e uma mãe, o papel protagonista cabendo ao realizador que assim assinava um depoimento com algum peso autobiográfico expondo-se a si mesmo no grande ecrã. Sucessor dessa promissora estreia, o filme Amores Imaginários representou a segunda passagem de Dolan pelo mesmo festival, mas desta vez com estreia comercial assegurada entre nós. Ainda com algumas eventuais marcas do "eu" do realizador (que novamente assume um dos papéis protagonistas em cena), o filme procura contudo um registo mais elaborado que o que, de traços realistas, dominara a sua estreia. Dolan parece querer aqui deixar clara a admiração por nomes como Godard e Kar Wai numa narrativa que olha de perto a dinâmica (por vezes disfuncional) de um triângulo amoroso, entrecruzando a história que acompanhamos com instantes de uma tertúlia que vai lançando e debatendo temas... Longe de ser um filme falhado ou um salto maior que a perna, Amores Imaginários não repete todavia a carga dramática do filme anterior. É contudo o episódio de uma ideia em construção que afirma já Xavier Dolan como um nome a seguir entre a mais nova geração de realizadores.