Ladytron
“Gravity The Seducer”
Netwerk
3 / 5
Antes mesmo de surgir (e depois desaparecer) uma geração que, em meados da década dos zeros, viveu da redescoberta de sons e formas com genética evocativa de escolas de finais dos setentas e inícios dos oitentas, já os Ladytron por aí andavam. De resto, mais que meros revisitadores de referências, o quarteto de Liverpool começou logo no álbum de estreia, 604 (de 2001) por deixar claro que tinha uma agenda própria a definir, na pop electrónica de inícios dos oitentas reencontrando apenas registos de som, procurando antes a composição de uma pop algo assombrada, de alma electro e moldura tensa que gerou logo canções irresistíveis como Playgirl, Disco Traxx ou Commodore Rock. Os álbuns que se seguiram – Light & Magic, de 2002 e Witching Hour, de 2005 – aprofundaram a exploração das formas, sublinhando uma pose (e toda uma linguagem). Em Velocifero (de 2008) as cores e linhas apresentavam marcas de desgaste... E agora, depois de breve instante para arrumar ideias na forma de uma primeira antologia (que somava notas colhidas nos primeiros dez anos de actividade), eis que apresentam em Gravity The Seducer um instante de renascimento. Não de reinvenção de um som ou sequer de procura de outras demandas. Mas, ao aceitar uma mais clara luminosidade (sem que tal afaste de todo as sombras, que continuam a ter presença protagonista), os Ladytron encontram neste seu quinto álbum um mais interessante sucessor para o caminho definido entre os 604 e Witching Hour. Na essência encontramos uma banda fiel a si mesma. Talvez menos glacial, todavia fiel a uma ideia pop feita de referencias electro e pincelada a tons de sencanto. Com novo hino pop encontrado em Age of Hz (na verdade editado como single há já alguns meses), com frestas de iluminação menos tensa em Moon Palace, Gravity The Seducer devolve os Ladytron a bom caminho. Não iguala ainda os feitos de um 604 ou um Witching Hour. Mas não deixa mal quem neles procura o que deles espera.