Girls
“Father Son Holy Ghost”
Turnstile
3 / 5
Lançado em finais de 2009, o álbum de apresentação dos Girls – que simplesmente se apresentava com o título Album – representava uma das mais estimulantes estreias que o mundo indie norte-americano nos dava a conhecer na recta final da década. Vibrante nos sentidos, povoado por intensas mudanças de tom, da placidez à electricidade, Album era uma invulgarmente segura colecção de canções. Quase dois anos depois (e com um EP pelo caminho), a mesma banda parece mais arrumada (leia-se mais firme na condução de um rumo para a sua música). Father Son Holy Ghost ainda é profundamente pessoal (por vezes mesmo confessional) na expressão da identidade que assina pelas canções janelas de contacto para com uma vida daquelas que davam um filme. Tal como no primeiro disco sente-se um interesse por ecos de outros tempos, o surf rock que habitava entre as velhas canções cedendo agora lugar ora a evocações dos climas de baladas rock e instantes de travo folsky ao jeito dos sessentas, ora a linguagens que recordam os espaços menos dados à concisão de algum rock dos setentas. Não faltam belos momentos (como o são Saying I Love You ou Honey Bunny), mas o que falta ao novo disco é, por oposição ao que escutámos no primeiro, um melhor lote de canções. E, acima de tudo, a liberdade e o tom inesperado que habitava entre os vários caminhos seguidos pelo Album (de estreia), aqui instalando-se um clima que sugere aqueles dias que se passam bem, mas em que nada acontece. E convenhamos que, depois de uma estreia tão promissora como o mostrara o álbum de 2009, este segundo disco acaba por sugerir alguma relativa desilusão.