Wolfgang Press
“Funky Little Demons”
4AD Records
(1995)
Foram um nome marcante na primeira etapa de vida da editora 4AD, editando uma sucessão de discos que ajudaram a definir parte da face sombria da personalidade da editora. Mas como em tantas outras histórias, um momento de viragem abriu novos horizontes e levou-os por caminhos que contribuíram para a construção dos seus dois mais interessantes álbuns: Queer (1991) e Funky Little Demons (1995). O catalisador para a mudança que levou os britânicos Wolfgang Press a novos desafios não foi senão o histórico 3 Feet High and Rising, o álbum “clássico” que assinalou a estreia dos De La Soul em 1989. Foi aí que reconheceram um novo sentido de frescura e uma alma lúdica que resolveram depois transportar para o som da banda. Experimentaram primeiras aproximações a novas ideias em 1991 e, em 1995, em Funky Little Demons, atingem uma ideia pop luminosa, cruzando um sentido clássico de canção com estruturas rítmicas escutadas entre uma música feita com samples, cortes e colagens e com cereja sobre o bolo nos jogos de contrastes possíveis entre a voz de barítono de Michael Allen e das vozes femininas (de escola R&B) que escutamos em alguns coros.
Funky Little Demons é um álbum na mais profunda definição do termo. Um conjunto de canções que se relacionam esteticamente entre si, da soma das doze que constituem o alinhamento nascendo um corpo consequente, cada canção afirmando-se como parte de um todo que vale mais assim que fragmentado. Na verdade chegou a ser extraído um single do alinhamento do álbum (Going South, lançado em vários formatos por alturas da edição do álbum). E temas como Chains, Executioner ou Fallen Not Broken podem inscrever-se entre as melhores de toda a obra da banda. Mas o valor conjunto de Funky Little Demons é o de um ciclo de canções que, juntas, definem um olhar pop apenas possível depois de assimiladas tanto as heranças new wave como as linguagens rítmicas associadas à cultura do sampling que marcou muita da música dos noventas.