sexta-feira, setembro 09, 2011

Dior ou o "glamour" digital


Com felicidade desigual, Jean-Jacques Annaud foi campeão de um cinema de intransigente gosto espectacular, ligado ao sabor mais primitivo do próprio espectáculo. Lembremos, como prova, os quatro filmes com que, ao longo de uma década, manteve acesa a chama de uma certa ideia europeia de superprodução: A Guerra do Fogo (1981), O Nome da Rosa (1986), O Urso (1988) e O Amante (1991).
Há, por isso, qualquer coisa de irónico no facto de o encontrarmos, agora, a dirigir um anúncio do perfume J'Adore, da casa Dior, rentabilizando ao máximo, não exactamente o impacto ou a mitologia dos cenários naturais, mas sim um glamour em grande parte dependente das transfigurações do digital. Dito de outro modo: contracenando com Charlize Theron, encontramos Grace Kelly, Marlene Dietrich e Marilyn Monroe – ou, pelo menos, os seus fantasmas computorizados. É uma proeza reveladora da sedução, e também dos limites, da nova cinefilia virtual.


>>> Site oficial de Jean-Jacques Annaud.