Clap Your Hands Say Yeah
“Hysterical”
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V2
O título de um disco pode ser o seu melhor amigo ou, em outros casos, o seu mais incómodo cartão de visita. Hysterical... Assim chamam os Clap Your Hands Say Yeah ao seu novo álbum. Sendo que, na verdade, se algo falta às canções do disco é um qualquer sentido de “histeria”, tão inesperadamente arrumadinho se mostra o alinhamento. Se recuarmos uns seis anos recordaremos no álbum de estreia deste colectivo (a que deram por título o seu próprio nome) um dos mais estimulantes dos discos que então chamavam atenções para o bairro de Brooklyn (em Nova Iorque). A angulosidade das formas, os caminhos de descoberta pelos quais as canções evoluíam faziam do álbum um novo herdeiro de uma velha escola que aponta a pop dinâmica e desafiante dos Talking Heads como ponto de partida... A verdade é que se fez silêncio depois de Some Loud Thunder (segundo álbum, editado em 2007), partindo cada um dos músicos dos Clap Your Hands Say Yeah rumo a diversas experiências paralelas. Do reencontro nasce agora Hysterical, mostra uma banda com aparente novo rumo, apontando a sua música a um terreno pop/rock de vistas largas, molduras épicas e formas polidas que em tudo lembra uns The Killers (a faixa de abertura dita logo o tom), pelo caminho surgindo instantes que ora evocam uns The Cure (Idiot) ou até uma tentativa de recriar o tom grandioso de uns Neutral Milk Hotel (em Yesterday Never)... Com uma pompa que as teclas (em registo strings e arredores) sublinham, Hysterical é um disco que parece sonhar com outros vôos (e tem cá tudo para despertar novos públicos, sobretudo os que gostam de descobrir músicas em anúncios de televisão). Mas de tão arrumado e previsível que se desenha o alinhamento e de tão polidas que se mostram as canções em Hysterical mais não acontece senão uma entediante (e desmotivadora) sucessão de mais do mesmo que em nada nos faz reencontrar o que de potencialmente promissor em tempos se escutava nos Clap Your Hands Say Yeah.