Há toda uma iconografia das Torres Gémeas que possui raízes visceralmente cinematográficas. Dito de outro modo: desde o início da sua construção e, em particular, quando se iniciou o levantamento da Torre 2 (Janeiro de 1969), muitos filmes foram integrando a sua peculiar geometria como sinal ou pressentimento de um mundo novo.
O site World Trade Center in Movies dedica-se, justamente, ao inventário dessas referências (689 filmes, neste momento). Aqui ficam alguns exemplos de uma verdadeira história imaginária de um lugar bem real – também, inevitavelmente, uma história real de um lugar imaginário.
1973: SERPICO, de Sidney Lumet – Al Pacino (numa das suas mais geniais interpretações), assombrado pelo drama da corrupção policial.
1975: OS TRÊS DIAS DO CONDOR, de Sydney Pollack – Uma história emblemática sobre o papel dos serviços secretos em democracia, com Robert Redford (junto à barreira de vidro) no átrio de uma das torres.
1976: KING KONG, de John Guillermin – Lamentavelmente esquecido depois da versão de Peter Jackson (2005), neste caso o macaco gigante subia uma das torres.
1977: O AMIGO AMERICANO, de Wim Wenders – Fábula sobre as alianças entre a arte e a morte, com Dennis Hopper (no centro da imagem) a deambular no labirinto da grande metrópole.
1978: INTIMIDADE, de Woody Allen – Primeiro filme bergmaniano de Woody Allen, aqui sob o signo da austera solidão do grande E. G. Marshall (1914-1988).
1980: LIGHTNING OVER WATER, de Wim Wenders – Wenders outra vez, filmando os derradeiros dias do seu mestre Nicholas Ray (1911-1979): o plano de abertura repete o começo de O Amigo Americano (onde Ray surgia como actor).
2001: A.I., de Steven Spielberg – Jude Law e Haley Joel Osment contemplam Manhattan cerca de dois mil anos depois da nossa era (o filme estreou no dia 29 de Junho de 2001).
2002: A ÚLTIMA HORA, de Spike Lee – a memória do site prolonga-se para além de 2001, neste caso evocando uma das primeiras obras-primas americanas do pós-11 de Setembro: as personagens contemplam o Ground Zero.