Depeche Mode
“Remixes 81-11”
Mute Records / EMI
2 / 5
É este o disco que assinala os 30 anos de carreira dos Depeche Mode (que se estrearam em 1981 ao som de Dreaming of Me)? Se assim é, magra sorte para a celebração de uma obra que, mesmo longe do seu melhor nos últimos anos, não deixa de ser um caso maior na história da pop feita com electrónicas, com uma mão cheia de álbuns absolutamente recomendáveis, sobretudo os editados entre 1983 e 1990... Remixes 81-11 é como o segundo volume (há quem lhe tenha já chamado sequela) de uma ideia que ganhou forma há uns sete anos, em Remixes 81-04. Porém, se nessa antologia original já havia alguma “novidade”, o corpo central das faixas reunidas contava a história de algumas das melhores remisturas que a banda fora editando nos seus máxi-singles. Agora, apesar de recuperar novamente algumas dessas leituras mais antigas, o alinhamento dos três CD desta nova compilação dá visibilidade considerável aos dois álbuns de originais entretanto editados (e o último foi simplesmente o pior de sempre da discografia dos Depeche Mode) e junta 14 novas remisturas criadas para o efeito... Entre um panorama cheio de muita música, mas com poucas ideias, uma sensação de tédio acaba por se instalar. Sendo que, entre uma multidão de remisturas simplesmente inconsequentes há momentos que se destacam. Por exemplo, a nova leitura dos Royksopp para Puppets representa o melhor momento do disco, revelando uma profunda transformação que mais parece uma versão que uma remistura. As remisturas (já antigas, portanto “da época”) de Tim Simenon para Strangelove ou de François Kevorkian para World In My Eyes (Dub in My Eyes) traduzem ecos de uma relação antiga da banda (nos seus melhores dias, é verdade) com a cultura de dança. Há ainda instantes interessantes quando a dupla Karlsson & Winnberg reinventa o histórico Tora! Tora! Tora! ou quando Personal Jesus se vê animado por novos climas pop via Stargate. As cerejas sobre o bolo (de aniversário) são contudo as remisturas que representam reencontros com antigos elementos da banda, Vince Clarke com Behind The Wheel e Alan Wilder com Chains (o primeiro, convenhamos, bem mais feliz na escolha da matéria prima a trabalhar). Fora destas excepções, o alinhamento é de um vazio cheio de sons e batidas. E longe, muito longe, do que a memória (sobretudo da primeira década) da banda merecia ver celebrada em tempo de assinalar os 30 anos de discos.