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Fadista, investigador da história do fado e dos fadistas, José Manuel Osório faleceu no dia 11 de Agosto, em Lisboa — contava 64 anos.
Estudou no Conservatório de Música de Lisboa, surgindo em meados dos anos 60 como figura de destaque nas casas de fado da linha de Cascais, de algum modo demarcando-se em relação às convenções fadistas de Lisboa. Aí conheceu poetas como Vasco de Lima Couto e José Carlos Ary dos Santos, vindo a gravar o seu primeiro disco em 1968. Em 1969, o lançamento de um segundo registo valeu-lhe o prémio da imprensa para o Melhor Disco do Ano. A Casa da Imprensa viria a consagrá-lo como Melhor Fadista de 1970 (nesse mesmo ano, a PIDE-DGS proibiu-o de participar num espectáculo no Coliseu). Sempre envolvido com o teatro (trabalhou, por exemplo, no Teatro Estúdio de Lisboa, sob a direcção de Luzia Maria Martins), viveu em França e, em 1973, ao regressar a Portugal, começou a dedicar-se à investigação da história do fado.
Foi produtor de espectáculos e agente artístico. Colaborou regularmente na organização da Festa do Avante. Em 1994, no âmbito de Lisboa/Capital Europeia da Cultura, organizou "As Noites de Fado da Casa do Registo". Na Movieplay portuguesa, colaborou em edições antológicas de Fernanda Maria e Fernando Maurício e, mais recentemente, nas séries Fados da Alvorada e Fados do Fado, dedicadas ao repertório fadista de 1950/1974.
Nos últimos anos, teve também alguma visibilidade mediática devido a razões pessoais: atingido pela sida (era considerado o mais antigo caso de um doente com sida em Portugal), achou por bem falar publicamente da sua experiência e do modo como lidou com a doença. Em Novembro, deveria receber o Prémio Amália, na categoria de Ensaio/Divulgação.
>>> Obituário no Público.
>>> Biografia no Museu do Fado.
>>> Depoimento de Rui Vieira Nery sobre José Manuel Osório (DN).