GERHARD RICHTER Fotografia pintada - Sem título, 1994 |
1. Um dos efeitos mais correntes da rotina televisiva é o bloqueio de qualquer reflexão sobre as próprias linguagens televisivas [este texto integra parte de uma crónica de televisão publicada no Diário de Notícias, 1 de Julho]. Em boa verdade, querem fazer-nos crer que a televisão possui uma espécie de acesso cândido e incontestável à "verdade" do que quer que seja... Porquê? Apenas porque alguém colocou uma câmara "à frente" de algum evento, como tal nomeado e registado.
2. Por exemplo: porque é que se continuam a fazer “reportagens” com duas ou três pessoas, algures no meio da rua, dizendo-se que “fomos ouvir a opinião dos portugueses”?... Como? E porque é que, quase sempre, se tratam essas pessoas como se tivessem 4 ou 5 anos de idade mental? Que jornalismo é este?
3. Na prática, a maioria dos discursos televisivos não pára de proclamar a necessidade moral (quase sempre obscenamente moralista) de julgar & punir os outros. Quando se trata de pensar os modos televisivos de representar o mundo e, mais do que isso, ocupar os seus circuitos de comunicação, aí a televisão assume-se como uma imanência. No limite, uma religião mediática.