domingo, julho 17, 2011

Pelo mapa dos céus


 O terceiro disco de Nico Muhly para o catálogo da Decca Classics apresenta 
um conjunto de composições e arranjos seus, em gravações pela Aurora Orchestra.


A história começa numa troca entre alunos da Julliard School de Nova Iorque e da Royal Academy Of Music, de Londres. Ou, se quisermos, pode também começar por um interesse antigo do compositor pelo mapear dos céus... Mas vamos por partes. Há precisamente cinco anos, Thomas Gould, o rosto central da Aurora Orchestra, falava ao maestro Nicholas Collon de uma obra de um jovem compositor norte-americano que havia interpretado nesse programa de partilha de experiências entre escolas. Somando esse entusiasmo ao facto de ter então adquirido um violino eléctrico, o maestro, que entretanto dedicara alguma atenção à música do compositor que havia sido mencionado, propôs nova colaboração. E daí nasceu o relacionamento que justifica agora todo um disco com música de Nico Muhly em interpretações desta pequena orquestra de câmara de Londres, com Thomas Gould como solista.

O disco toma como peça central Seeing Is Believing, composiçãoo orquestral de 25 minutos pela qual Muhly materializa sinais do seu interesse pela esfera celeste e pela forma como, através da junção de pontos identificados, o homem foi traçando linhas imaginárias no espaço. É uma peça de fôlego considerável, rica em elementos, ora assimilando ecos de um lirismo herdado da tradição clássica, ora de escolas minimalistas, no fim sugerindo claramente que se trata de uma música do nosso tempo.

A esta obra, que toma o violino eléctrico como voz solista, integrando-o todavia num corpo coeso traçado para orquestra, o disco junta outras composições de Muhly entre as auais Motion ou By All Means (a peça que chamou originalmente a atenção do violinista para com a música do compositor). Em inesperada sintonia com as suas quatro obras aqui registadas contam-se arranjos de sua autoria para obras de William Byrd (1540-1623) e Orlando Gibbons (1583-1625).