quarta-feira, julho 13, 2011

Novas edições:
Yacht, Sangri-La


Yacht
“Sangri – La”
DFA Records
2 / 5

Foi nos anos 70 que a maré de ideias conceptuais banhou discos atrás de discos, afogando frequentemente a paciência de muito boa gente. Ocasionalmente, de então para cá, há quem regresse a esse patamar que deseja entender o álbum como mais que uma mão cheia de canções, vendo-o antes como um ciclo que em si encerra um arco narrativo ou uma reflexão em torno de um espaço comum... Convenhamos que há discos bem interessantes assim definidos (veja-se o caso do sublime 69 Love Songs de Stephin Merritt) pelo que o problema dos discos conceptuais não é o conceito, mas antes a capacidade de o concretizar num corpo de canções... E é aqui que tropeça Shangri-La, quinto álbum do projecto Yacht, o segundo que lançam pela DFA Records. Com uma voz off que lança cada um dos dez temas do alinhamento, o disco explora (ou procura explorar) uma das demandas mais antigas da humanidade: a do paraíso... O tema já fez correr tinta, da pintura dos grandes mestres de outros tempos aos filmes dos mais visionários dos cineastas. E a primeira falta desta abordagem é precisamente a ausência de um ângulo de abordagem verdadeiramente estimulante que justifique mais uma viagem a um conceito tantas vezes já visitado. Além disso, o alinhamento peca no departamento da composição, raros sendo os instantes de Shangri-La em que os diálogos entre as ferramentas ao serviço da música de dança (leia-se teclados e batidas) e formas características da canção pop se traduzem em acontecimentos dignos de visitar (ou vislumbrar) esse paraíso sonhado... Shangri-La é um disco que só vê a luz a esparsos momentos. O paraíso aqui pode ser um sonho, mas difícil será depois fazê-lo realidade... De resto, basta olhar para a capa (candidata a uma das piores do ano) para sentir desde logo que o Shangri-La, aqui, é apenas coisa para ler no título...