>>> "A polifonia das reminiscências, o contraponto das coincidências, a fuga cinzenta e azul e sempre recomeçada da memória involuntária, terá a partir de agora dois nomes. Dois titulares. Proust, para as duquesas, e Semprún, para os militantes."
Assim escreve Régis Debray [foto a cores] num texto de homenagem ao escritor espanhol Jorge Semprún [p/b], falecido em Paris no dia 7 de Junho. Chama-se 'Adeus, viva claridade...' e está publicado na edição do jornal Le Monde, com data de 10 de Junho. Definindo Semprún, não como alguém envolvido no Tempo, "esse grande escultor", mas sim como um escultor do próprio tempo, Debray recorda-o como um homem que se entregou de cuerpo entero às suas causas. Mais do que isso: como um cidadão que não temia, nem lamentava, o facto de a entrega ser sempre uma "decisão por uma causa imperfeita". Reconhecendo nele uma figura exterior a esta "época das crianças da televisão no poder", Debray refere os nomes de Baudelaire, Gide, Alberti, Giraudoux e Malraux como os dos seus "companheiros de armas". Recordando ainda o seu desencanto face às "trevas frias", conclui: "Somos nós que vamos ter frio, e é o teu Verão que aquecerá as nossas trevas".
>>> Site oficial de Régis Debray.