Randall Adams viveu um drama prolongado a cujo desenlace não é estranho o poder do cinema. Condenado, em 1977, pela morte de um polícia de Dallas, o seu caso arrastou-se durante mais de uma década, até que Errol Morris sobre ele fez um filme: The Thin Blue Line (1988), um espantoso exercício narrativo que discute, ponto por ponto, os elementos da acusação e, mais do que isso, o próprio efeito de verdade que o cinema pode conter — a sua combinação heterodoxa entre documentário e ficção confere-lhe um lugar central, em muitos aspectos pioneiro, na história moderna das formas cinematográficas [a imagem de Adams provém de um fotograma do filme].
O filme de Morris, um dos génios do documentarismo contemporâneo (ganhou o Oscar de melhor documentário, em 2004, com The Fog of War), revelar-se-ia decisivo na reavaliação do caso de Adams, acabando mesmo por desembocar na sua ilibação. Com música de Philip Glass, foi distribuido pela Miramax no mercado americano; em Portugal, nunca foi estreado.
Adams faleceu a 30 de Outubro de 2010, vítima de um tumor cerebral. Na altura, a notícia não passou para além dos limites da pequena comunidade do Ohio em que ele vivia. Só agora foi divulgada pelos meios de comunicação nacionais dos EUA.
>>> Obituário no New York Times.
>>> Obituário no Dallas Observer.
>>> The Thin Blue Line no site oficial de Errol Morris.
>>> The Thin Blue Line: crítica de Roger Ebert.