quinta-feira, junho 23, 2011

O primeiro-ministro em classe económica

O AEROPLANO (1980)
de Jim Abrahams, David Zucker e Jerry Zucker

Que pensar da decisão de Pedro Passos Coelho cancelar os seus bilhetes de classe executiva para Bruxelas, optando pela classe económica?
Sabemos que o espaço ideológico do fait divers (em que somos todos os dias obrigados a viver) só poderia reduzir o assunto a jogos florais de razões e conflitos: porque é um bom exemplo de austeridade... ou porque os euros poupados nada significam... ou porque a TAP tem um administrador de origem brasileira... porque sim... porque não...
Para além desse barulho das luzes, o que fica é tão só a pequenez política de um exercício do poder cada vez mais dominado pelas lógicas do marketing político, privilegiando o simbolismo pobre do detalhe. Privilegiando, sobretudo, a facilidade populista contra a contundência do gosto de pensar.
Estamos a falar, afinal, de um país que banalizou o facto de termos alguns estádios do Euro2004 transformados em paquidermes de prejuízos — o mesmo país em que quase ninguém, alguma vez, perguntou que significado (político, justamente) atribuir ao facto de se terem aplicado 645 milhões de euros na construção desses mesmos estádios...
É num país assim que, subitamente, se celebra (ou denigre, tanto faz) o facto de termos um primeiro-ministro sentado ao nosso lado no avião para Bruxelas. Que importância é que isso tem?