domingo, junho 05, 2011

O filho da sinfonia


Estreada em 1992, a Chamber Symphony de John Adams revelou um interessante espaço de exploração de outras ideias numa altura em que muita da atenção do compositor se centrava no trabalho para o formato de uma grande orquestra. Longe de representar um espaço de protagonismo na soa obra, a sinfonia tem vindo contudo a ganhar alguma relevância para o compositor que, nos últimos tempos, viu duas a chegar a disco. Uma delas, a Doctor Atomic Symphony, decorreu directamente de uma adaptação de elementos da ópera Doctor Atomic. A outra, The Son Of Chamber Symphony, é editada já amanhã pela Nonesuch, em gravação pelo International Contemporary Ensemble, sob a direcção do próprio compositor. Criada para uma coreografia de Mark Morris (com o título Joyride), a sinfonia estabelece uma ligação directa com a Chamber Symphony, sobretudo pela forma como, trabalhando para um leque restrito de músicos e instrumentos, acaba por ceder um maior protagonismo a cada um. A diferença maior tem contudo a ver com uma expressão de personalidade. Se a Chamber Symphony resultara de um intenso estudo sobre Schoenberg, o seu “filho” traduz o fulgor de uma linguagem muito pessoal, e hoje profundamente sólida, que o compositor veio a talhar ao longo dos anos. A música sugere linhas melódicas, que integra numa rede complexa de acontecimentos, o viço rítmico que caracteriza alguma da escrita de Adams alicerçando então todo o edifício. O disco junta depois a esta curta e cativante sinfonia o Quarteto de Cordas (igualmente estreado em 2008) em interpretação pelo St Lawrence String Quartet.