segunda-feira, junho 06, 2011
Novas edições:
Wild Beasts, Smother
Wild Beasts
“Smother”
Domino
4 / 5
Afinal qual é então o tal disco “difícil” na vida de uma banda? É o segundo, muitas vezes sucessor de estreia aclamada que lança expectativas maiores sobre o passo seguinte? Ou o terceiro, que serve frequentemente de confirmação não apenas às premissas eventualmente lançadas antes, mas também da solidez de uma ideia que, então parece ser coisa capaz de superar os desafios que o tempo lança sobre tudo e todos. O primeiro não será menos fácil. Nem o quarto ou o quinto (dos que lá chegam) e mais além. Na verdade, esta não é senão uma daquelas velhas e estafadas muletas da crítica e tanto bate certo se quisermos, como é tiro ao lado se assim for... Tudo isto para chegar ao terceiro álbum dos Wild Beasts. Nem mais fácil nem mais difícil. Mas claramente o mais interessante e desafiante que o grupo já nos deu a escutar. Depois de uma promissora estreia com Limbo Panto (2008) e de um segundo capítulo (Two Dancers, de 2009) num comprimento de onda semelhante, o grupo parecia tranquilamente instalado numa ideia pop essencialmente feita da exploração das potencialidades vocais de Hayden Thorpe (arrumando-as em quadro barroco tal como em tempo vozes igualmente invulgares viveram aventuras menos comuns em bandas como os Associates ou Sparks). Mas a verdade é que ao terceiro álbum, mais fácil ou mais difícil (é que não interessa mesmo), os Wild Beasts reinventam-se e encontram um caminho bem mais estimulante. Eventualmente inspirados pelo momento em que os Talk Talk adbicaram das faces mais “clássicas” da escrita pop em favor de uma libertação de formas e climas, também os Wild Beasts promovem aqui a descoberta de um outro patamar. Mais suave, texturalmente mais elaborado, integrando e assimilando elementos electrónicos e atenuando (e muito) o que até aqui era um protagonismo exacerbado da voz. Como resultado temos em mãos um conjunto de canções que, longe de “orelhudas” a um primeiro encontro, revelam antes um sentido de unidade no todo, num alinhamento consequente e capaz de edificar uma ideia. A mudança de rumo fez-lhes bem e deu-lhes um caminho. Smother coloca-os num outro universo que pede agora novo episódio. Que nos deixa com vontade de ouvir mais...