Jay Jay Johansson
“Spellbound”
Universal
3 / 5
Já vimos Jay Jay Johansson a caminhar por vários trilhos... Já foi voz de belas canções em clima herdado de espaços de placidez trip hop ao som de Whiskey, quando se revelou em 1996. Ou estrela pop feita de cor e apelo a electrónicas dançáveis, com maquilhagem electroclash, nos dias de Antenna (2003)... Spellbound mostra-o em busca de outros caminhos, a sua voz frágil (e invariavelmente melancólica) seguindo agora entre a presença de um piano, o dedilhar de uma guitarra acústica, pontuais percussões de alma jazzy e ocasionais arranjos convocando outros instrumentos. Não se trata contudo de um disco de jazz, os pontuais climas que visita nesses universos sendo antes transportados para territórios com afinidades com uma ideia de canção magoada, mas herdada de vivências pop, que revela frequentes linhas de afinidade com episódios anteriores na obra do músico sueco. De resto, a balada para voz e piano que escutamos em On The Other Side, a aproximação ao livro de estilo de um Nick Drake em Shadows ou a versão de Suicide Is Painless (original da banda sonora de M.A.S.H.) deixam claro que há horizontes vários a viver ao caminhar por Spellbound. Se a instrumentação é aqui o elo mais diferente face a títulos anteriores, na verdade estamos num terreno que traduz de certa forma uma familiaridade (e o travo lounge de Blind ajuda em caso de dúvidas)... A forte personalidade da sua voz acaba, no final, por manter firme essas ligações, a alma de Spellbound afirmando-se como tudo menos um episódio de ruptura numa obra que gosta, como de resto já nos mostrara antes, de experimentar novas sensações.